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2 - A Terra do Sol Nascente

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Mensagem por Ibuky Qui maio 14, 2009 10:44 pm

Aqui farei um pequeno salto de 2 meses na história, pois neste período fiquei apenas tentando me acostumar a língua, ao trabalho e a cultura local. O que posso destacar nesse meio tempo é que Tasuku foi se tornando cada vez mais apessoado, e – o leitor pode rir, mas é a pura verdade – senti que comecei a desenvolver um vínculo e um sentimento mais forte por ele, como se fosse um irmão ou alguém mais íntimo. Também recusei a oferta do quarto que Tasuku me ofereceu, resolvi que seria melhor comprar algum apartamento pequeno nas redondezas com o dinheiro que recebi ao vender o meu antigo.

Uma das coisas mais interessantes era a Casa de Banhos dirigida pelo meu amigo; Poderia considerar-se um palacete sobre as montanhas japonesas, um hotel de luxo para pessoas que queriam se livrar do estresse da maneira mais natural de todas: mergulhando em fontes naturalmente aquecidas. Mas a parte mais bela do local era, definitivamente, uma laguna límpida que ficava na frente do quarto de Tasuku, e este fez questão de mantê-la fora das opções de banheiras naturais que a Casa ofertava. Qualquer desinformado que visse a laguna da janela do quarto poderia facilmente confundi-la com uma lâmina de vidro recortada e colocada estrategicamente sobre a terra.

Certa noite eu terminava de arrumar uma nova série de quadros – que estavam vendendo muito bem, obrigado – na recepção, quando ouço a porta de entrada do local se escancarar. Um homem entrar tranquilamente acompanhado por 2 rapazes – vestidos da maneira mais estranha e escandalosa que já vi na vida.

- Boa noite, meu caro desconhecido – ele me cumprimentou formalmente – Lamento invadir o local a esta hora, mas tenho algo a conversar com Tasuku, poderia me dizer onde é o quarto dele?

Fiquei sem ação durante alguns segundos, mas minha boca recobrou os sentidos e começou a falar quase automaticamente.

- Desculpe, mas estamos fechados. – falei.
- Fechados...? – o homem repetiu, olhou de canto de olho pausadamente para um rapaz de cada vez e um deles soltou uma gargalhada esganiçada. – Tem certeza?
- Sim.
- Hm... Entendo, neste caso terei de achar Tasuku sozinho... Nakamoto, Shiroyama, já sabem o que fazer. Foi um prazer te conhecer, Victor.

Não tive nem tempo de pensar em correr dali e acionar a polícia ou qualquer outra coisa. Nakamoto era mais corpulento, então tratou de me imobilizar em quanto o tal Shiroyama tirou um vidro do bolso e borrifou o conteúdo direto no meu rosto.

Acordei olhando para o teto do meu apartamento.

- Mas... – levantei tão rapidamente que quase bati a cabeça na estante que ficava em cima da cama (sempre achei aquela estante meio homicida...) – Que porra aconteceu?!

Olhei em volta atentamente, era mesmo meu apartamento. Deitei novamente e fiquei refletindo por um tempo tudo que tinha acontecido, até olhar no relógio e constatar que estava 3 horas atrasado para o trabalho; pois além de decorador, eu era atendente da recepção das 11:00 às 15:00. Tomei uma ducha e coloquei as roupas do trabalho.

- Está atrasado, Victor. – como eu imaginava, um Tasuku nada feliz me esperava na porta da Casa.
- Tasuku! Preciso te contar uma coisa! Se é que você já não sabe que...
- Eu sei. Não devia ter deixado você ficar bêbado daquele jeito.
- Quê?! – olhei para ele incrédulo, fazia dois dias que eu não colocava um pingo de álcool na boca, e que expressão calma era aquela se ele sabia da invasão?
- Sim, ontem você foi até a adega da Casa e nós bebemos até umas 04:00, acho que...
- Mas é claro que não! Entraram uns caras aqui e perguntaram por você. Me apagaram depois disso... O que aconteceu?!

Tasuku me olhou como se visse um louco na sua frente, e voltou a falar.

- Eu não sabia que você era tão fraco se tratando de sakê...
- Mas eu não bebi!
- Victor, por que eu mentiria pra você?

Naquele momento, a voz dele ficou estranhamente tremida, mas eu estava tão confuso que nem dei muita atenção ao fato. Eu era muito idiota.

- ... Mas, foi tão estranho...
- Acho melhor você tirar o dia de folga. – ele estendeu a mão e colocou sobre meu ombro
- Não, não será preciso, eu fico... – não pude deixar de notar que a manga do terno que ele vestia esticou e deixou a mostra um curativo visivelmente recende, devido às manchas de sangue ainda vermelho-vivas - O que é isso no seu braço?
- Ah, isso... – ele puxou o braço rapidamente e ergueu a manga até cobrir o curativo – Você realmente não lembra de nada... Uma das taças quebrou e eu acabei me cortando com um caco de vidro.

Depois disso, ele falou qualquer coisa sobre encher uma banheira e me mandou ir para casa. Desobedeci as ordens dele e fiquei o resto do dia no local, para recompensar o tempo que eu havia perdido. Todos os clientes estavam em seus devidos quartos e eu estava indo para casa, quando fui abordado na porta por um sujeito desconhecido.

- Então você é o novo cachorrinho do Tasuku...

Olhei para quem tinha me chamado (mesmo que indiretamente): Era um rapaz que devia ter uns 20 ou 22 anos, tinha os cabelos tingidos de laranja berrante e o rosto tinha uns 5 piercings visíveis. Estava com um cigarro entre os lábios e me fitava com o mesmo olhar malicioso que Tasuku.

- Perdão...?
- Foi o que eu disse: Cachorrinho do Tasuku. Ele já te levou pra cama também?

O rapaz se aproximou tanto de mim e poderia facilmente ter me beijado, mas o cigarro o impedia de fazer isso com queimar o próprio nariz.

- É engraçado como a cada ano ele consegue um mais inocente. Tsc, tsc, tsc.
- Quem é você e o que quer? – dei um passo para trás, a proximidade com ele estava me incomodando.
- Pode me chamar de Hou*. Estou aqui para tentar salvar sua vida. – ele sorriu e soltou uma nuvem de fumaça pelas narinas.
- Minha vida...?
- VICTOR!

Tasuku apareceu na porta, mesmo sendo fracamente iluminado pela luz dos postes, dava para perceber que me fitava como se eu fosse um traidor pego em flagrante.

– Saia já de perto desse vagabundo. – disse meu amigo em tom retumbante e agressivo
- Vagabundo? Ai, assim você me ofende, amore. – o tom de voz do tal Hou se encheu de sarcasmo ao olhar para Mastuda.
- Já disse para sumir dessas redondezas. Ou prefere que eu mande a polícia atrás de você, seu veado drogado?
- Não se esqueça que foi você mesmo quem me ensinou a usar isto, por se ofende tanto? – ele ergueu o cigarro que estava fumando na altura dos olhos com uma das mãos, a outra foi enfiada discretamente dentro das calças e percebi que ele acariciou o próprio sexo, numa tentativa de provocar Tasuku. – Se quer tanto assim proteger sua noivinha, eu vou embora.

Ele deu as costas e saiu andando, sendo vigiado por Tasuku até dobrar a esquina. Em 2 meses de convivência, nunca o vi falar ou agir daquele jeito com ninguém.

- Não quero que funcionário algum meu mantenha contato com esse desocupado.
- Posso saber o motivo? – arrisquei, mesmo sabendo que poderia perder o emprego.
- É um garoto de programa que não quer largar do meu pé, fica aqui na frente fazendo ponto ou qualquer besteira do gênero...

Pra mim já não era surpresa nenhuma saber que ele se relacionava com garotos de programa, pois já sabia que Tasuku era bissexual – ele acabou abrindo o bico numa das nossas bebedeiras.

- Eu não entendo por que tanto alvoroço por causa de um simples garoto de programa...
- Não quero que ele te diga as asneiras que fica espalhando por aí sobre mim.
- Acha mesmo que eu acreditaria num... – eu me virei para fechar a porta e continuei a falar.
- Apenas me prometa... Delacroix-kun...

Apesar de eu ser 7 anos mais novo – Tasuku tinha 25 anos na época – eu era bem mais corpulento do que ele, aliás, era mais corpulento que a maioria dos japoneses. Mesmo assim, ele me encostou com força contra a porta que eu recém-fechara e colou os lábios aos meus.

- Me... Prome... ta – ele falava entre as arfadas que dava para respirar e retomava o beijo, fazendo nossas línguas se roçarem fortemente.

O leitor deve se perguntar por que não o joguei para longe sendo que eu era quase uma cabeça maior que ele, mas aqui está a pura verdade: Eu estava gostando. Beijar uma mulher era delicioso, mas a maioria delas é delicada demais para agir com a ferocidade e sensualidade que Tasuku agiu naquele momento... Pelo menos não as que eu beijei.

Matsuda se afastou de mim como se meus lábios lhe tivessem dado um choque e me observou, esperando uma resposta e recobrando o ar sério que mantinha sempre.

- Eu prometo... – Só fui notar depois que falei que minha mão direita estava entre o maxilar a o pescoço de Tasuku e a esquerda apertava a cintura do mesmo, na verdade quase na área do baixo-ventre.

Ele me olhou com um ar de vitória e sem mais nenhuma palavra seguiu para a porta que ficava atrás do balcão – ela dava acesso a escada que ia direto para o quarto de Tasuku. Eu fiquei por um tempo encostado na parede, fazendo um ‘check up’ do meu dia, fora o mais estranho de toda a minha vida.
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